Sou um deserto.
Sete mares e uma sede enorme de ti.
A sede de tempos remotos de homens sem cor
nos seus puro-sangues negros.
Encontrei um lago de água turva e hesitante,
caminhei em sua direção.
Entrei com um maço de cigarros e a sede.
Caminhei sem medo pela escuridão líquida da saudade.
Silêncio em mim.
Vejo a cor de seus olhos íntimos.
Calamidade e fogo,
um peito em queda livre,
a sensação inebriante da mente em chamas.
Mil dias me separam da margem
Penso: de que vale a vida toda pelo tempo em vão?
Bateram à porta:
"Quem é?"
Respondeu:
"Sou você, vindo de antes, trazendo a sua túnica..."
Disse:
"Quantos dias demorei?"
Ao abrir, uma face sem expressão, apontou em direção ao chão.
E escorreu para os vãos do assoalho, zumbindo.
Me vi nu, nadando só, no maior mar de todos,
O mar das palavras sem sentido e do amor não existente.
Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmm:
"AlÔ?"
"Queria te contar um sonho..."
"Mas não sonhei-o ainda..."
"Era assim..."
01/04
(J).
Um comentário:
E como algo pode se tornar perfeitamente real, se não for sonhado durante noites e noites?
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