Partir.
Nas brumas insones do pesadelo diário.
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A luz que afaga cada dia
Com as mãos enormes do destino.
Deitar os olhos no céu e
ver a mundana
Face no espelho intimado.
Perigo.
Contra si mesmo
A arma é precisa e cruel
A espada afiada pelo invisível e
Por todas as emanações
Da terra e do mar.
Partir para onde?
O que conhece este pobre
Que mal saiu da casca?
Sei que dói amar, meu sonho.
Sei que Partir
é o mesmo que chegar.
Me pergunta a cor do céu, mas
Não sei as horas.
Me pergunta um mistério insondável!
Mas não me questiona a sanidade.
Mantém o apoio a mim e
a ilusão de achar que sei quem sou.
Vou fugindo, enquanto posso,
Vou correndo
Mas até onde e quando?
E se meu desejo é estar parado,
Na frente um manto
E nas costas, asas?
Partindo, cheguei ao mais distante
Ermo do teu coração.
E todo dia, na palavra, uma só
Vontade, líquida, imaterial:
Um beijo de despedida,
denso como a morte,
Para iniciar a chegada.