True.

True.
Love.

sábado, novembro 19, 2016

Regra 2

“Eu sou.”

Eu sou o vento da noite,
eu sou a fúria e o chicote,
Dou o carinho e espero o açoite.
Eu sou a minha mentira,
Sou meu poço e meu terraço,
Minha chama e meu ocaso.
Eu, sozinho, sou o partir e o chegar,
O abrir e o fechar
De olhos, de bocas, de feridas.
Eu sou a sonora e afoita canção do vento,
Sou a folha seca e o invisível elemento
Que teus olhos veem, mas teu espírito não sente.
Sou minha alma e meu poente.
Sou o sol inclemente, a chuva renitente.
Sou as nuvens longínquas e luz morta das estrelas.
Sou a ausência.

Eu sou o nada.

(S.)

domingo, outubro 23, 2016

Ser imenso

ser um é a busca de cada um, 
ser apenas o que se é, 
por ser como é 
apenas.
ser meu e ser teu, num tempo não meu 
e num momento só teu.
ser somente e tampouco, 
único em cada uma das faces.
nunca mais que dois, 
para que não sejas inteira metade
de uma parte de si mesmo.
a vida é sozinha.
a vida é só minha.
de resto, somos sempre nós.
sempre nós e a linha
a viagem no tecido
o mofo do pensar
a dureza de sentir.
tempo passa
beijo passa
sonho passa
mas e quando a visão
embaça?
ser pássaro
amar gaiolas
comer as unhas
sofrer calado.
sina de ser.
a dor de viver.
(J.)

sexta-feira, outubro 14, 2016

Mors Vita


Cantarei o ódio aos homens velhos
Maldirei a vida que nos manteve.
Todos juntos rumo ao precipício.
Não temos nome, somos legião.
Não tememos, temos o chicote
De luz que perpassa o cérebro,
Que estrala nas vozes que abalam
A nossa incauta razão.
Queria a bomba,
O fim.
Ah, quem me dera tal sorte...
Queria você em mim,
Tirando minha respiração,
Me minando, de mãos dadas,
Rumo à extinção.
Queria teus cabelos
Sufocando minha alma
Perturbada
Pelo medo.
Não podes ser meu infinito
Não serás meu raio de Sol.
E em mi bemol, me distraio,

Até o fantasma do sono chegar
E me beijar, profundo,

Em busca do fim do mundo.
(J.)

sábado, outubro 01, 2016

Toada Seca

Esse grito mudo que sufoca
Esse amargo na boca que cala
Essa dor insana que frustra
Esse ardor que inflama a alma
Esse medo que manda flores
Essa solidão que pinta cores
Esse ódio que te oferta vingança
Essa inércia pálida que assola
Esse torpor que deixa atento
Esse amor que engana o senso
É a verdade que imola
E a espera ansiosa pela esmola
Doce da ilusão de ser alguém que importa.
A mesma que deposita, sorridente, um pacote em tua porta
E dentro dele, o vazio sorri.
Nas horas que passam agiganta-se
O destino, de dentes afiados
Esperando o momento de dilacerar o espírito
E sorver a chaga do teu pranto
Para alimentar o vagar do tempo.
Esse medo...
Esse espanto.
O fim é o mesmo.
O caminho é diverso.

Entre ele, nós e o verso.

(S.)

30/09/16

sábado, agosto 27, 2016

DelirioI

Hei de crer nos sonhos que tenho, que pesados,
São elos que me imprimem cores que não vejo.
São os males e o quesito primeiro de viver.
Um em cada mão, dois em cada pé,
A mente é satélite que deriva de maré.
Hei de crer em ti, meu passado, meu futuro
Tão presente na velocidade do tempo

Que avança,

Tão rápido quanto o amor
Que não se realiza, que navega a esmo

E que para às escadas
E se olha, com carinho e tristeza,
E se promete no olhar.
Te cala, coração.
Se agasalha em solidão
E deitas.

O sol nunca falha, o que falha é sempre

O tempo.

 (S.)

domingo, maio 01, 2016

Sol Silente.

Antes da tempestade, berra o silêncio.
E no jogo, tua lembrança é tempero da solidão.
E nesse mesmo silêncio, tantas palavras saem,
Libertas, para os ouvidos dos fantasmas
De dias e noites, de toques e hálitos.
Antes da catástrofe, uma cantiga familiar,
Como a voz do que nem existe
Mas tem sempre a voz confundida
Com a de um velho palhaço,
Que ingênuo, se crê salvo.
Antes do desmoronamento, ele se agarra
Aos cabelos negros da noite
E levita, como se fosse a luz
Embaçada de um cenário de sonho.
Viajamos, beijamos o que resta de nós,
Para reconstruir muros e prisões,
Com regalias que valem a pena, no fim das contas.
E como num susto, o que prende a mente
Ao presente, se projeta, veloz
Ao quadro baço do futuro.
E a gente salta o muro e toca o céu.
Sente o gosto e finge o fel.
Salivando, fabricamos mel.
E as bocas, distantes e fechadas,
Conversam 
Na língua esquecida do amor.

(S.)

sexta-feira, abril 01, 2016

SaLutar é Pensar?

De ti, em transe, me embriago.
Me embriago dessa presença,
Desse interlúdio de sonho, que nos carrega pela mão,
Enquanto o mundo vai acontecendo...
Cães latem na escuridão.
E alguém bem longe, pensa também
Em ir embora desse mundo de dúvidas
Que nos é tão comum.
E a arte agoniza, entre o retrocesso e a desconfiança.
Sabe aquela história de: somos todos irmãos, filhos dos mesmos pais?
O Pai de uns, a muleta de outros, por tantos motivos...
Nós também agonizamos, imersos em nossos desejos vaidosos de razão.
Somos tão tóxicos quanto a fumaça das máquinas que criamos
Para nos destruir a todos, como cobaias de algum jogo pecaminoso
Ou de algum deus jovem, atolado em seu próprio ego,
Movendo as peças que somos, por escolha.

Certas ou não, escolhas.