True.

True.
Love.

segunda-feira, setembro 17, 2007

A dúvida é a resposta do Destino?


1411
(Aos 21...)
(J).
Ah, que me valham mais
Os Demônios da Escuridão
Que os padres iluminados
Pelos castiçais.
Que me valha nesse dia um Deus Obsceno
E não um monstro de traços angelicais.
Rogo pela fúria da chaga feita,
Pelo tremor do corpo imolado,
Pela paz de um abraço de vidro.
Vejo milhões de olhos e eles pedem o mesmo,
Desesperados, ávidos,
Por um pouco da mesma sopa ou
Um gole do mesmo fel.
Vejo os corpos, frenéticos, estertorando...
Como cobras cortadas ao meio
Ansiosas pelo impossível religamento.
E me vejo num espelho negro,
Ridiculamente eu, imperfeição estonteante,
A me vestir de sangue pelo corpo ao avesso.
Abotoando os ossos com cravos de metal,
Ajustando o coração carnal no peito
Ao mesmo compasso da risada contida.
A pele por dentro, é macia.
O amor por fora, é alegria.
Mas salvação é um estágio, solto no espaço,
Em profunda letargia.
Canto ao som dos sapatos que percorrem
Ruas de merda, sujos pela lama mais humana.
Danço ao som dos gritos eloqüentes, insanos e
Harmoniosos dos desvalidos que tanto sabem...
E rodando, sempre como um idiota,
Sujo o que está a minha volta
Com a tinta fosca da desolação.

quarta-feira, julho 25, 2007

Laguna do Espelho


Sou um deserto.

Sete mares e uma sede enorme de ti.

A sede de tempos remotos de homens sem cor

nos seus puro-sangues negros.

Encontrei um lago de água turva e hesitante,

caminhei em sua direção.

Entrei com um maço de cigarros e a sede.

Caminhei sem medo pela escuridão líquida da saudade.

Silêncio em mim.

Vejo a cor de seus olhos íntimos.

Calamidade e fogo,

um peito em queda livre,

a sensação inebriante da mente em chamas.

Mil dias me separam da margem

Penso: de que vale a vida toda pelo tempo em vão?

Bateram à porta:

"Quem é?"

Respondeu:

"Sou você, vindo de antes, trazendo a sua túnica..."

Disse:

"Quantos dias demorei?"

Ao abrir, uma face sem expressão, apontou em direção ao chão.

E escorreu para os vãos do assoalho, zumbindo.

Me vi nu, nadando só, no maior mar de todos,

O mar das palavras sem sentido e do amor não existente.

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmm:

"AlÔ?"

"Queria te contar um sonho..."

"Mas não sonhei-o ainda..."

"Era assim..."

01/04

(J).

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Casa Solidão.


Atrás de cada árvore, uma assombração.

O barulho da mata solitaria nos teus ouvidos

Evoca arrepios: sente o vento contando teus passos?

shhhhhhhhhhhhhhhh.................................

Há luz entre folhas, mas não é a claridade que importa.

Nas sombras da luz, eu ando.

Lembrando amores, caçando sonhos...
Ah, mulher...vem devagar.

Com cuidado, pois invento histórias de medo para que não me temas...

Chegue sorrateira, traga mel.

Um pouco de fumo e uma garrafa de aguardente.

Sei que a casa é pequena, mas cabe a cama.

A gente bebe, ri das nossas caras e dorme fazendo amor.

Pode vir com uma flor, vai caber onde não cabe a mesa.

Mas cuidado...eu posso não estar mais aqui.

Posso ter ido ver as estrelas no alto do morro,

Posso ter ido ao teu encontro no fim-do-mundo.

Espero há eras pela tua chegada.

Minha casa é só silêncio e dor.

Voltei à noite.

No canto, uma flor morta.

Na cama, um fio de luz.

Em mim, a mais fria ausência.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

LIbertação.



Vigilantes ao redor de cada mundo,
Senhores de mãos atadas, ourives.
Ouçam:
Eu descia a rua, um pé em cada lado da calçada,
As árvores e os cestos de lixo rangiam,

E no fim, na esquina virada, eu vi um filme
Que uma voz sem história repetiu:

“Deixa-me sair,
Pois quando entrei,
larguei meus pensamentos no mar.
Só preciso dar uma volta,
matar alguns momentos do meu tédio.
Vou e volto,
em cima do rastro de migalhas de amor que levo.
Vou e trago um pedaço de um peito
velho e sonolento, amoroso e piegas.
Me permita uma estadia lenta
nos quartos escuros da estalagem da memória,
Um dèja-vu ao contrário,
como se eu esquecesse algo de que nunca me lembrei.
Me deixa sair!
Eu sangro nas pontas dos dedos,
pois tentei abrir a porta com minhas chaves,
Meus pés estão tortos de tanto chutar
essa parede de mentiras que ergueram aqui.
Me deixa, por favor, o céu tão alto me chama a toda hora.
Vou e talvez volte, trazendo uma pequena alegria de liberdade.
Eu cantei por anos a canção dos sonhos,
Eu tentei por séculos o amor sem volta.
Mas tudo que encontro é a porta fechada.
Eu te peço, destino, me deixa sair daqui.
Nada se justifica pela lei que cria os assassinos...
Não me deixou sair.
Eu saltei pela janela do outro lado.
E o chão nunca chegou...”

Ouvi.
E deitado,
na sarjeta,
suja, verdadeira e doce,
Pensei: “esse é o chão...”.