True.

True.
Love.

quarta-feira, julho 25, 2007

Laguna do Espelho


Sou um deserto.

Sete mares e uma sede enorme de ti.

A sede de tempos remotos de homens sem cor

nos seus puro-sangues negros.

Encontrei um lago de água turva e hesitante,

caminhei em sua direção.

Entrei com um maço de cigarros e a sede.

Caminhei sem medo pela escuridão líquida da saudade.

Silêncio em mim.

Vejo a cor de seus olhos íntimos.

Calamidade e fogo,

um peito em queda livre,

a sensação inebriante da mente em chamas.

Mil dias me separam da margem

Penso: de que vale a vida toda pelo tempo em vão?

Bateram à porta:

"Quem é?"

Respondeu:

"Sou você, vindo de antes, trazendo a sua túnica..."

Disse:

"Quantos dias demorei?"

Ao abrir, uma face sem expressão, apontou em direção ao chão.

E escorreu para os vãos do assoalho, zumbindo.

Me vi nu, nadando só, no maior mar de todos,

O mar das palavras sem sentido e do amor não existente.

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmm:

"AlÔ?"

"Queria te contar um sonho..."

"Mas não sonhei-o ainda..."

"Era assim..."

01/04

(J).