True.

True.
Love.

quinta-feira, novembro 18, 2004

SoulLess

SoulLess "E minha alma vaga errante pelos campos do Senhor, Em busca de um novo corpo, ausente de dor. Minha essência de demoníaca estirpe me protege Das acusações absurdas dos monges tão hereges. E me busco de tantas enrascadas, me ressinto De tantas marcas que não deixei, assim como minto Quando espero pela concórdia de mim com essa alma Que me endoidece, me adoece e me freia a calma. A alma me condena, a luz me cega, o mundo cai. O beijo esfria, a luta acaba, o Sol se vai. Uma noite apenas, um amor sereno, o fim terno De nada como antes sempre foi,assim, eterno. Doce como a chuva, lento como a morte, medonho... E o corpo e a alma, unos, caindo de um abismo Nos braços cálidos do sonho."

quinta-feira, outubro 21, 2004

Conto da Noite ao dia l

DELÍRIO Ao passar entre as Roseiras, noite de lua, teus cabelos perderam-se no emaranhado de pétalas rubras. Observei escondido pelo vidro, embaçado pela fumaça errante do velho cigarro, sua delicada mão se estender e tocar suavemente os galhos espinhosos banhados pelo gélido iluminar lunar. E, de repente, um gesto brusco e uma gota escarlate caiu eternamente, como num mergulho, sobre o azulejo do quintal. A dor estampou-se em seus olhos e do meu refúgio assisti a bela cena que você proporcionou. Folhas, galhos, pétalas e botões caiam ante seus furiosos golpes. E no fim, todos satisfeitos, uma calmaria abateu-se sobre o Jardim. Tu estavas calada e tuas lágrimas misturavam-se ao sangue que brotava dos teus braços lacerados. A roseira ressentia-se e prometeu jamais tentar afagar os teus cabelos novamente. E eu continuei a observar os movimentos etéreos da fumaça na janela, esperando a vingança das rosas. CENA 2: Mudo, ao alvorecer, fui ao quintal. A tempestade havia deixado seu rastro calamitoso no rosal. Pensei em recolher os restos e jogá-los a esmo na terra, mas uma rajada pulsante antecipou-me e o chão limpo me convidou a deitar e ficar ali, a manhã inteira, olhando o céu e contando as nuvens, para recompor meus sonhos e voltar ao trabalho. Por duas horas confidenciei mentalmente os meus temores ao solo e quando me levantei, vi o remorso transformar-se em amor. Você vinha esbaforida e urgente, colher uma rosa para o seu altar. E havia uma, pendente como uma perna quebrada, a te esperar ansiosa por um copo de água fresca. Você a pegou, encostou-a ao lábio e num ato mágico, ela se abriu. Teu beijo é a fonte que refresca as flores. Agradeço um destes para aliviar a minha alma esfumaçada. Olhei para o Sol, abri os braços e acordei . . . São 10h e ainda não sei quem sou.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Carícia

Mil mãos e pés me acertam, contundentes... Ouço só a minha voz, entre todas. O chão tem gosto de algo azedo... Em meio a uma prece, um abraço Que me salva da balbúrdia violenta. Por quê a salvação? Me explique por favor, ao menos, Por que não te sentas aqui e tomas o meu chá? Milhões de Estrelas E abandonas meu coração Para ir ao baile dos signos e à feira... Tantos mundos giram... Compre maçãs, dance boleros. Acerte todas as estrelas cadentes Dessa noite lilás. E o chão macio não é mais Um lugar tão ruim para deitarmos sozinhos. Traga-me flores, flor, envoltas num jornal de qualquer dia, Limpe minhas mãos ensangüentadas nos teus ruivos cabelos E me diz que eu mereci a tua vingança. Pois é assim que espero tua volta: Esperançoso.

sexta-feira, agosto 06, 2004

Amigo Perdido

E então, tudo volta ao que era.
Uma Luz apagada numa viela,
A mão pousada na janela.
Minha paz se retém na flâmula da insônia,
Minha hora esquece a garoa.
Voltando ao tempo, revejo as macas,
Onde se deitam as almas penadas.
Refaço, irritado, os velhos caminhos que trilhamos juntos.
Me vejo errado e ao mesmo tempo certo.
Adoro as vozes que não ouvimos.
Retenho as mágoas, para fazer o meu capuz, e esqueço as dores e tudo é luz...
Mas o engenho da saudade mói meu peito!
E o teu rosto me sorri, num grito ensurdecedor...de falta.
A falta de uns dias sem igual,
O romance, a tragédia, a alegria e o caos.
Umas aqui, outras lá e nós, ali, juntos ao que somos,
Sem corpo, sem alma, a nos impulsionar para a Noite.
p.s.:ao que nunca se foi
ao que me matou a confiança
ao que me disse : "Novo mundo à frente!"
ao que me deu sonhos
ao que me tirou deles
por fim, ao amigo...

terça-feira, julho 27, 2004

transe

Conhece uma maneira de gritar calado?
Apanha tuas asas e voa, incrédulo, em direção ao nada? Meus pés entranham-se nos fios do dia, Minhas falas repetem-se na peça da vida... Sou mais um que comenta de sonhos na rua, que fraqueja ao pensar na palavra de ordem. Exponho aqui o desejo que meu coração anuncia, que hiberna na manhã e morre toda noite... Silenciosamente, me sento no chão e espero a indicação de alguma direção Para partir. Aprendi a falar sem dizer, gozar sem sentir, Amar sem esperar e mudar sem querer. Apareci no espelho e em transe, chorei um pouco da minha dor Para você, que vaga pelo espaço E nunca desce para olhar as estrelas...    

quinta-feira, julho 15, 2004

Eis-me aqui!!!

Aqui estou, Pai, seja tu o natimorto ou o aclamado, Com o meu corpo de palavras e minha língua de lamúrias, espreitando cantos em busca de vozes, gritos que me convençam de que na luz dos dias tu virá me dizer o que sabes. Me diz, logo, se estou fadado a viver na sombra do amor, da vida, do muro, do corpo da noite e da mão do destino. Vem ver que estou sempre de preto, num luto de mim, pois quando penso estar livre, a sombra se fecha à minha volta, E então rio,pois de olhos fechados a ilusão é de luz...