True.

True.
Love.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Casa Solidão.


Atrás de cada árvore, uma assombração.

O barulho da mata solitaria nos teus ouvidos

Evoca arrepios: sente o vento contando teus passos?

shhhhhhhhhhhhhhhh.................................

Há luz entre folhas, mas não é a claridade que importa.

Nas sombras da luz, eu ando.

Lembrando amores, caçando sonhos...
Ah, mulher...vem devagar.

Com cuidado, pois invento histórias de medo para que não me temas...

Chegue sorrateira, traga mel.

Um pouco de fumo e uma garrafa de aguardente.

Sei que a casa é pequena, mas cabe a cama.

A gente bebe, ri das nossas caras e dorme fazendo amor.

Pode vir com uma flor, vai caber onde não cabe a mesa.

Mas cuidado...eu posso não estar mais aqui.

Posso ter ido ver as estrelas no alto do morro,

Posso ter ido ao teu encontro no fim-do-mundo.

Espero há eras pela tua chegada.

Minha casa é só silêncio e dor.

Voltei à noite.

No canto, uma flor morta.

Na cama, um fio de luz.

Em mim, a mais fria ausência.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

LIbertação.



Vigilantes ao redor de cada mundo,
Senhores de mãos atadas, ourives.
Ouçam:
Eu descia a rua, um pé em cada lado da calçada,
As árvores e os cestos de lixo rangiam,

E no fim, na esquina virada, eu vi um filme
Que uma voz sem história repetiu:

“Deixa-me sair,
Pois quando entrei,
larguei meus pensamentos no mar.
Só preciso dar uma volta,
matar alguns momentos do meu tédio.
Vou e volto,
em cima do rastro de migalhas de amor que levo.
Vou e trago um pedaço de um peito
velho e sonolento, amoroso e piegas.
Me permita uma estadia lenta
nos quartos escuros da estalagem da memória,
Um dèja-vu ao contrário,
como se eu esquecesse algo de que nunca me lembrei.
Me deixa sair!
Eu sangro nas pontas dos dedos,
pois tentei abrir a porta com minhas chaves,
Meus pés estão tortos de tanto chutar
essa parede de mentiras que ergueram aqui.
Me deixa, por favor, o céu tão alto me chama a toda hora.
Vou e talvez volte, trazendo uma pequena alegria de liberdade.
Eu cantei por anos a canção dos sonhos,
Eu tentei por séculos o amor sem volta.
Mas tudo que encontro é a porta fechada.
Eu te peço, destino, me deixa sair daqui.
Nada se justifica pela lei que cria os assassinos...
Não me deixou sair.
Eu saltei pela janela do outro lado.
E o chão nunca chegou...”

Ouvi.
E deitado,
na sarjeta,
suja, verdadeira e doce,
Pensei: “esse é o chão...”.